_richard sennet em carne e pedra: as ruas entendidas como artérias
_claudia jaguaribe: sobre são paulo
_o andarilho e a tradição visionária de londres
_o homem da multidão e a figura do flaneur
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.547269388658863.1073741834.494509127268223&type=1

_deriva durante o período das vanguardas históricas
_os situacionistas e a psicogeografia (cena de inicial de In Girum Imus Nocte et Consumir Igni)
_jonathan raban: soft city
_jack keruac: on the road
_daniel belasco-rogers: the drawing of my life
_cassio vasconselos: noturnos

“De Certeau oferece um interessante corretivo [à ênfase de Foucault na prisão dentro de espaços de controle social]. Ele trata os espaços sociais como instâncias mais abertas à criativdade e ação do homem. O andar, sugere ele, define um “espaço de enunciação”. Tal como Hägerstrand, ele começa a sua história pelo começo, mas, nesse caso, “com os pés” na cidade. “Sua massa fervilhante é uma coleção inumerável de singularidades. Seus caminhos entrecruzados dão sua forma aos espaços. Eles unem lugares” e, assim, criam a cidade por meio de atividades e movimentos diários. “Eles não são localizados; são, antes, os responsáveis pela espacialização” (observe-se quão diferente é este sentimento daquele transmitido na obra de Hägerstrand). Os espaços particulares da cidade são criados por uma miríade de ações, todas elas trazendo a marca da intenção humana. Respondendo a Foucault, de Certeau vê uma substituição diária “do sistema tecnológico de um espaço coerente e totalizante” por uma “retórica pedestre” de trajetórias que têm “uma estrutura mítica”, compreendida como “uma história construída a baixo custo a partir de elementos tomados de expressões comuns, uma história alusiva e fragmentária cujas lacunas se confundem com as práticas sociais que ela simboliza.

De Certeau define aqui uma base para a compreensão do fermento das culturas de rua populares e localizadas, mesmo expressas no âmbito da estrutura imposta por alguma ordem repressiva abrangente. “O alvo”, ele escreve, “não é deixar claro como a violência da ordem é transmutada numa tecnologia disciplinar, mas antes trazer à luz as formas clandestinas assumidas pela criatividade dispersa, tática e paliativa de grupos ou indivíduos já presos nas redes da ‘disciplina’. /…/ Os espaços podem ser “libertados” mais facilmente do que Foucault imagina, precisamente porque as práticas sociais espacializam em que de se localizarem no âmbito de alguma malha repressiva de controle social.”

(in Harvey, David. Condição Pós-Moderna, p. 197)

Erkki Huhtamo