http://en.wikipedia.org/wiki/Jules_Chéret

_ o status de arte “degenerada” do design, ainda associado a uma mídia “sem aura”, que circula em ambientes sociais pouco recomendáveis (ver “O cartaz: esta arte volúvel e degenerada”, de Marcus Verhagen, in: O cinema e a invenção da vida moderna)

_ o cartaz como uma imagem arquetípica da cidade, num momento em que se inicia o processo de urbanização mais intenso e Paris desponta como capital do século XIX

_ a maior plasticidade do design no século XIX (uso de cores, abundância de curvas que remetem ao Art Noveau, tipografia customizada) em contraponto à impressão tipográfica mais “textual” que predominou desde a invenção da imprensa por Gutenberg

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Daily_Courant
_ para entender este contexto, é preciso retomar a discussão de Benjamin sobre a “reprodutibilidade técnica” e introduzir brevemente o tema do surgimento das cidades no final do século XIX.

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trecho relevante do texto de Benjamin:

“Em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível. O que os homens faziam sempre podia ser imitado por outros homens. Essa imitação era praticada por discípulos, em seus exercícios, pelos mestres, para a difusão das obras, e finalmente por terceiros, meramente interessados no lucro. Em contraste, a reprodução técnica da obra de arte representa um processo novo, que sem se desenvolvendo na história intermitentemente, através de saltos separados por longos intervalos, mas com intensidade crescente. Com a xilogravura, o desenho tornou-se pela primeira vez tecnicamente reprodutível, muita antes que a imprensa prestasse o mesmo serviço para a escrita /…/ Com a litografia, a técnica de reprodução atinge uma etapa essencialmente nova. Esse procedimento muito mais  preciso, que distingue a transcrição do desenho numa pedra de sua incisão sobre um bloco de madeira ou prancha de cobre, permitiu às artes gráficas pela primeira vez colocar no mercado suas produções não somente em massa, como já acontecia antes, mas também sob a forma de criações sempre novas /…/ Mas a litografia ainda estava em seus primórdios, quando foi ultrapassada pela fotografia. Pela primeira vez no processo de reprodução da imagem, a mão foi liberada das responsabilidades artísticas mais importantes, que agora cabiam unicamente ao olho. Como o olho apreende mais depressa do que a mão desenha, o processo de reprodução das imagens experimentou tal aceleração que começou a situar-se no mesmo nível que a palavra oral”