“Essa possibilidade de pensar a atitude enquanto forma nos obriga a reavaliar, sem reducionismos, a própria noção de obra de arte e de seus modos de disseminação dentro de contextos culturais específicos /…/ De certa maneira, toda a produção artística de Flávio de Carvalho, independentemente do meio expressivo /…/ teria sempre um apelo tátil e uma corporeidade evidentes.”

“Para muitos intérpretes da cultura contemporânea, o deslocamento temporal do futuro para o agora é uma das marcas distintivas da pós-modernidade. Não quero me estender no mérito teórico dessa discussão. Todavia, parece-me precipitada a introdução desse ‘pós’, que mantém um ideário teleológico, progressista, típico da estética de ruptura do modernismo. A meu ver, o modernismo vivia essa tensão intrínseca entre o presente e o futuro, e, nessa perspectiva, não deve ser descartado tão facilmente. A própria poética da Flávio de Carvalho, fincada no modernismo, deve ser resgatada justamente para nos permitir repensar e reescrever os desafios de uma modernidade complexa e inacabada.

O que interessa propor, nesse atrito entre futuro e presente, é uma outra tensão, também moderna, entre projeto e processo — usando termos mais heideggerianos, entre construir e habitar. Os primeiros termos dessas oposições (futuro, projeto e construção) estão ligados às vanguardas positivas, os construtvismos e a Bauhaus, e os segundos (presente, processo e habitação) às vanguardas negativas, especificamente o dadaísmo e o surrealismo.”

“A arte e a arquitetura devem, mais do que ser uma produção de objetos, pôr em xeque e buscar reinventar as formas de vida do homem civilizado.”

“A atitude performática surge no momento em que alguns artistas radicais procuravam novos meios de expressão que fossem, por um lado, desatrelados das amarras institucionais e, por outro, contrários às normas convencionais, agredindo o senso comum e testando os limites da experimentação artística.”